segunda-feira, março 08, 2010

Pampas Grill

Hoje resolvi experimentar um típico café-que-serve-refeições. Já me tinha interrogado repetidamente porque é que um sitio tão acessível, aparentemente prático e com uma óptima área vidrada para aproveitar sol costuma ter sempre espaço mesmo até à hora de ponta - muito tentador.

Optei por um dos 2 pratos do dia, e peixe, numa segunda-feira. Veio mas demorou o seu tempo, bastante tempo. Pela altura em que chegou o pré-aviso (aterragem do galheteiro na mesa) já não havia muito optimismo na mesa - uma posta de cherne fresco não demora assim tanto tempo a grelhar - e demorou bastante.
Afinal a espera foi justificada. É que o cherne realmente era fresco, mas era fresco praí há 1 semana atrás. Hoje em particular de fresco só tinha mesmo algumas partes do interior que não ficaram tão bem descongeladas pelo micro-ondas e tinham a típica consistência borrachuda e a côr vermelha que só peixe mal descongelado tem.

O pior de tudo é que podia ser mal descongelado mas comestível - mas não, nem era preciso degustar o travinho a ranço para perceber que estava ali desgraça - o próprio aspecto da posta revelava tudo, desinflada e mirradinha como algo que um gato poderia ter encontrado num caixote do lixo atrás do mercado de peixe (ironicamente, a uns 100m deste restaurante).

O milagre da vida estava em curso e era óbvio que vida já havia muita naquele peixinho lançado para a decomposição. Mesmo assim, não rejeito uma aventura especialmente quando me estava a custar 8€ e dei-lhe umas boas garfadas.
Erro claro, o ranço sobrepôs-se a tudo, nem a textura borrachuda e pilhas de azeite (decente) conseguiram corrigir a coisa.

O prato estava curiosamente consistente dado que os brócolos que acompanhavam o cherne tinham talvez o aspecto mais deplorável que vi até hoje num vegetal cozinhado. Deprimidos, atropelados, desfeitos e quase em papa por uma cozedura demoradissima, com o gosto terrível do peixe (interrogo-me se foram descongelados no mesmo micro-ondas ou foi só de conversarem na cozinha) e de caules estranhamente amarelados. As batatas estavam longe de saber bem ou até de terem um gosto neutro, sabiam apenas a batatas cozidas medíocres - foi isto que aproveitei do prato, batatas cozidas e azeite.

Muito raramente reclamo e raramente me queixo aos funcionários mas desta vez não resisti a um "estava terrível" quando me perguntou "então o peixe?".
Devo ter acertado no proprietário porque pareceu infeliz com a minha opinião e depois de admitir "ah pois é, este era de Sábado (hoje é Segunda-Feira)" insistiu repetidamente que me traria um bife grelhado com arroz.

Declinei, tal como a outra pessoa na mesa, já verde das garfadas aventureiras no cherne, mas não nos foi permitido sair de lá sem tirar o ranço do palato.
Lá veio o bife. Talvez fosse bom e fresco mas confesso que por essa altura já estava tão desconfiado que foi impossível saboreá-lo com eficácia...

Considerável destaque a este restaurante portanto por me ter proporcionado aquela que é talvez a pior refeição dos últimos 2 anos.

Gostei: Ambiente calmo, pouco ruído, boa exposição solar neste dia de inverno.
Não gostei: A única coisa em que se destacam é serem maus de forma consistente em tudo.
Apreciação: A evitar a todo o custo para algo que seja mais complexo do que uma lata de Coca-Cola ou uma água. Coma lá só se for da ASAE ou um suicida sem ideias.
Localização: Praça José Fontana, 17

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